Atualizado em 3 jul, 2025 -

CID R52.2 aposenta? Tudo sobre aposentadoria por dor crônica

Mulher massageando o pescoço aparentando dor

Muitas pessoas diagnosticadas com o CID R52.2, que significa “outra dor crônica”, têm dúvidas sobre seus direitos trabalhistas e previdenciários. A questão mais frequente é: quem sofre com dor crônica e portanto está diagnosticado com o CID R52.2 aposenta? Essa dúvida é especialmente importante porque dores persistentes afetam drasticamente a vida profissional e pessoal de milhares de trabalhadores. 

Esclarecer como funciona a aposentadoria nesses casos ajuda a evitar frustrações e orienta corretamente quem enfrenta dificuldades diárias causadas por dores prolongadas. 

Neste artigo, você vai entender detalhadamente como o INSS avalia casos envolvendo dor crônica e quais são as possibilidades reais de aposentadoria.

Sumário

O que significa CID R52.2?

O CID R52.2 refere-se ao diagnóstico médico classificado como “outra dor crônica”, uma condição caracterizada por dores persistentes que duram mais de 30 dias e não têm uma causa específica claramente identificada. 

É importante diferenciar essa categoria das demais subcategorias associadas ao CID R52, como a dor aguda (R52.0), que dura menos de um mês e geralmente possui um motivo claro, e a dor crônica intratável (R52.1), que resiste intensamente aos tratamentos disponíveis. 

Pessoas com CID R52.2 geralmente relatam dores musculares constantes, fadiga prolongada e sensações incômodas que podem variar ao longo do tempo, mas não desaparecem totalmente. 

Situações frequentes são dores musculares generalizadas, dores difusas pelo corpo e desconfortos persistentes que impactam diretamente na qualidade de vida, sem que médicos consigam estabelecer uma causa específica mesmo após vários exames e consultas.

Quais os impactos da dor crônica no trabalho?

A dor crônica interfere significativamente na rotina profissional, prejudicando, além do rendimento, a saúde emocional dos trabalhadores. Entre os principais impactos estão:

  • Dificuldade de concentração: a dor constante torna difícil manter o foco nas atividades diárias, aumentando o risco de erros e retrabalhos.
  • Redução do desempenho: com o desconforto persistente, tarefas que antes eram simples passam a ser realizadas com maior lentidão e dificuldade.
  • Limitação na mobilidade: movimentos rotineiros, como ficar sentado, andar ou realizar ações repetitivas, tornam-se desafiadores e dolorosos, limitando a capacidade física para diversas funções.
  • Problemas psicológicos: a convivência diária com dor crônica pode levar ao desenvolvimento de ansiedade e depressão, intensificando o sofrimento emocional e dificultando ainda mais a permanência no ambiente profissional.

Esses impactos combinados, frequentemente, comprometem a continuidade do trabalhador em suas funções habituais, exigindo adaptações ou afastamento das atividades.

Aposentadoria por invalidez e dor crônica: é possível?

Muitas pessoas acreditam que ter um diagnóstico de dor crônica identificado pelo CID R52.2 já garante automaticamente o direito à aposentadoria por invalidez

No entanto, o INSS não concede o benefício apenas com base no código da doença, mas sim a partir da comprovação de incapacidade total e permanente para o trabalho. Ou seja, é preciso demonstrar que, devido à dor crônica, a pessoa realmente não consegue mais exercer nenhuma atividade profissional e que não é possível reabilitação para outra função.

Para solicitar e ter direito à aposentadoria por invalidez, o segurado deve atender a três critérios principais:

  1. Qualidade de segurado na data da incapacidade.
  2. Carência de 12 meses, salvo algumas exceções previstas em lei.
  3. Incapacidade total e permanente para o trabalho e impossibilidade de reabilitação.

Além desses critérios, é fundamental apresentar documentação médica detalhada, como laudos, exames e relatórios recentes, mostrando claramente a gravidade da incapacidade e a impossibilidade de reabilitação. 

Quanto mais robusta for essa documentação, maiores as chances de reconhecimento do direito ao benefício.

Adoecimento relacionado ao trabalho

Aposentadoria da pessoa com deficiência é possível para quem tem CID R52.2?

Portadores do CID R52.2 podem, em alguns casos, solicitar a aposentadoria como pessoa com deficiência, desde que comprovem que a dor crônica gera uma limitação de longo prazo nas atividades do dia a dia. 

O INSS avalia cada situação por perícia biopsicossocial, levando em conta o impacto funcional da dor. 

Se reconhecida a deficiência, é possível obter aposentadoria com tempo de contribuição reduzido ou idade mínima menor, conforme o grau da deficiência. Por isso, é importante contar com a ajuda de um especialista para avaliar o enquadramento no caso concreto.

Como comprovar a incapacidade causada pelo CID R52.2?

A etapa de comprovação da incapacidade é fundamental para conseguir a aposentadoria por incapacidade permanente, especialmente em casos de dor crônica classificada pelo CID R52.2. 

Apenas relatar sintomas não é suficiente: é preciso apresentar provas objetivas e consistentes, mostrando ao INSS que a dor realmente impede o exercício de qualquer atividade profissional. Veja os principais passos para fortalecer seu pedido:

  • Relatórios médicos detalhados: solicite aos médicos que acompanham seu caso relatórios completos, com descrição dos sintomas, diagnósticos, limitações funcionais e justificativa técnica sobre a incapacidade.
  • Exames complementares: inclua todos os exames que ajudem a demonstrar o quadro clínico, como ressonância magnética, tomografias, exames laboratoriais e outros que possam evidenciar a origem e o impacto da dor.
  • Histórico de tratamento prolongado: mostre que você buscou alternativas de tratamento por um período significativo, como fisioterapia, uso de medicamentos, terapias alternativas e acompanhamento com diferentes especialistas, mas sem alcançar melhora suficiente para retornar ao trabalho.

Quais benefícios o portador do CID R52.2 pode solicitar além da aposentadoria?

Mulher massageando os lobos temporais aparentando dor

Quem recebe o diagnóstico de CID R52.2 nem sempre preenche todos os requisitos para a aposentadoria por invalidez, mas pode ter direito a outros benefícios importantes, dependendo da situação. Entre eles, destacam-se:

Auxílio-doença

O auxílio-doença é indicado para quem está temporariamente incapaz de trabalhar devido à dor crônica, mas com expectativa de melhora. 

Para solicitar, é preciso ter qualidade de segurado, cumprir carência de 12 contribuições e passar por perícia médica do INSS, que avaliará se a incapacidade é temporária.

Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS)

O Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS) é voltado para pessoas com deficiência de longo prazo, sem condições de sustento e em situação de baixa renda. 

Não exige contribuição prévia ao INSS, mas é necessário comprovar renda familiar por pessoa inferior a 1/4 do salário mínimo e incapacidade para a vida independente e para o trabalho.

Cada benefício tem regras próprias e é fundamental apresentar documentação que comprove tanto o diagnóstico quanto a real limitação causada pela dor crônica.

Dicas importantes para ter sucesso na perícia do INSS

A perícia médica do INSS é um dos momentos mais importantes para quem busca benefícios por incapacidade devido ao CID R52.2. Para aumentar as chances de aprovação, siga estas orientações:

  1. Leve documentação médica atualizada: priorize relatórios e laudos emitidos nos últimos 6 meses.
  2. Apresente exames compatíveis com o quadro de dor crônica: quanto mais detalhados, melhor.
  3. Seja honesto sobre os sintomas: não omita nem minimize suas dificuldades durante a avaliação.
  4. Explique ao perito como a dor crônica impacta sua rotina: detalhe as limitações para exercer suas atividades profissionais e para outras tarefas do dia a dia.

Seguindo essas dicas, você mostra ao perito de forma clara e objetiva a gravidade da sua condição, o que pode fazer toda a diferença no resultado do processo.

O que fazer caso a aposentadoria seja negada?

Se o INSS negar o pedido de aposentadoria por dor crônica (CID R52.2), não desanime. Isso é mais comum do que parece, e contar com uma ajuda especializada faz total diferença para que você consiga alcançar seus direitos. Veja o que pode ser feito:

  • Recurso administrativo: caso o pedido seja negado, é possível apresentar um recurso interno ao próprio INSS. Lembre-se que, se não houver novos elementos, a resposta costuma ser a mesma.
  • Ação judicial: se mesmo após o recurso o benefício não for concedido, é possível ingressar com processo judicial. Neste caso, um juiz irá analisar a situação, com nova perícia médica, aumentando as chances de sucesso, especialmente quando a documentação está completa e bem fundamentada.

Direitos e caminhos para quem convive com dor crônica

Ter o CID R52.2 não garante automaticamente o direito à aposentadoria. O mais importante é comprovar, de forma detalhada, a incapacidade total para o trabalho. 

Em casos de dúvidas ou dificuldades durante o processo, contar com orientação médica e apoio jurídico especializado pode fazer toda a diferença.

Foto de Priscila Arraes Reino
Priscila Arraes Reino
Advogada previdenciária e trabalhista especialista em doenças ocupacionais e Síndrome de Burnout. Formada em Direito pela Universidade Católica Dom Bosco (2000). Sócia fundadora do Arraes & Centeno Advogados Associados. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho e Pós-Graduada em Direito Previdenciário. Palestrante (OAB/MS 8596, OAB/SP 38.2499 e OAB/RJ 251.429).

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