Contribuir para o INSS com a esperança de se aposentar ganhando mais de dois salários mínimos é o que muitos brasileiros desejam. Mas será que esse objetivo está realmente ao alcance da maioria dos segurados do INSS? O que é preciso fazer atingir essa meta?
Pensando nisso, preparamos um conteúdo exclusivo que explica em detalhes como funciona o cálculo da aposentadoria e o que considerar na hora de definir o valor da sua contribuição.
Se o seu objetivo é garantir um benefício maior no futuro, é importante entender as regras do INSS e adotar uma estratégia desde já. E é exatamente isso que você vai aprender ao longo deste texto, conhecendo a importância do planejamento previdenciário para que quer obter ganhos maiores na aposentadoria.
Como funcionam as contribuições ao INSS?
As contribuições ao INSS funcionam como um investimento obrigatório, ou facultativo, no caso de autônomos, assegurando o acesso a diversos benefícios.
Esse valor forma um fundo coletivo, que serve para custear benefícios como aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença, salário-maternidade e outros.
Na prática, contribuímos para a Previdência para contar com suporte financeiro quando precisarmos de uma aposentadoria, um benefício previdenciário, ou até mesmo para proteger nossos dependentes, no caso da pensão morte, por exemplo.
Quanto maior e mais constante for a sua contribuição, maiores são as chances de receber um valor melhor de benefício.
Quanto devo contribuir ao INSS?
Entender quanto se deve pagar de INSS para receber 2 salários de aposentadoria ou mais é essencial.
Para quem deseja alcançar esse valor, é fundamental conhecer as regras do INSS, as alíquotas, os tipos de contribuição e, principalmente, planejar com base em sua realidade e objetivos.
Isso vale especialmente para autônomos, MEIs, facultativos e segurados especiais, em que as decisões são voluntárias e estão mais suscetíveis a erros que podem reduzir o valor do benefício.
O valor pago de INSS é calculado sobre o salário de contribuição do segurado, seguindo uma lógica de alíquotas progressivas. Quanto maior o salário, maior será o percentual aplicado, mas sempre de forma escalonada, por faixas de rendimento.
Alíquotas do INSS para empregados com carteira assinada
Faixa salarial (R$) | Alíquota aplicada |
Até R$ 1.518,00 | 7,5% |
De R$ 1.518,01 até R$ 2.793,88 | 9% |
De R$ 2.793,89 até R$ 4.190,83 | 12% |
De R$ 4.190,84 até R$ 8.157,41 | 14% |
Exemplo prático de contribuição
Imagine um trabalhador que recebe R$3.000,00 por mês. Nesse caso, a contribuição será calculada da seguinte forma:
- Sobre os primeiros R$ 1.518,00: aplica-se 7,5% → R$ 113,85
- Sobre a faixa de R$ 1.518,01 até R$ 2.793,88: aplica-se 9% → R$ 114,88
- Sobre a faixa de R$ 2.793,89 até R$ 3.000,00: aplica-se 12% → R$ 24,73
Total da contribuição: R$ 253,46
E como fica o valor da aposentadoria?
O valor da aposentadoria não é determinado apenas pela contribuição de um único mês, mas pela média de todos os salários de contribuição desde julho de 1994.
Por isso, quem deseja se aposentar com um valor equivalente a dois salários mínimos deve manter uma média de contribuições compatível com esse valor ao longo da vida contributiva.
Contribuir com regularidade, e sobre valores próximos ou acima dessa faixa, aumenta significativamente as chances de alcançar o benefício desejado. Além disso, contar com um bom planejamento previdenciário pode fazer toda a diferença para garantir essa conquista.
Diferente do trabalhador com carteira assinada, que tem o desconto automático, os profissionais liberais devem contribuir por iniciativa própria. Isso permite que tenham acesso aos mesmos benefícios previdenciários, como aposentadoria, auxílio-doença, pensão por morte, entre outros.
Contribuinte individual (autônomo ou prestador de serviços)
O contribuinte individual é aquele que trabalha por conta própria (como autônomos, profissionais liberais e prestadores de serviço, sem vínculo empregatício).
Ele pode optar entre duas alíquotas:
Plano normal
No plano normal, a alíquota é de 20%. A base de cálculo será sobre qualquer valor entre o salário mínimo e o teto do INSS.
- Dá direito a todos os benefícios, inclusive aposentadoria por tempo de contribuição.
Plano Simplificado
Já no plano simplificado, a alíquota será de 11% sobre o salário mínimo.
- No plano simplificado, o segurado terá direito apenas à aposentadoria por idade e outros benefícios básicos.
Contribuinte facultativo
O contribuinte facultativo é a pessoa que não exerce atividade remunerada, mas quer contribuir para garantir sua aposentadoria ou outros benefícios previdenciários em caso de necessidade.
São, por exemplo, os estudantes, donas de casa, e pessoas desempregadas mas que conseguem manter as contribuições.
As regras são semelhantes às do contribuinte individual:
Plano normal
- Alíquota: 20%;
- Base de cálculo: Entre o salário mínimo e o teto do INSS;
- Direitos: Aposentadoria por tempo de contribuição e acesso a todos os demais benefícios previdenciários.
Plano simplificado
- Alíquota: 11%;
- Base de cálculo: Sobre o salário mínimo;
- Direitos: Aposentadoria por idade e demais benefícios básicos, exceto aposentadoria por tempo de contribuição.
Facultativo baixa renda
- Alíquota: 5%;
- Base de cálculo: Sobre o salário mínimo;
- Direitos: Aposentadoria por idade, auxílio-doença, salário-maternidade, aposentadoria por invalidez, entre outros.
Lembrando que, para o facultativo baixa renda, é necessário comprovar renda familiar mensal de até dois salários mínimos e possuir inscrição atualizada no CadÚnico.
Microempreendedor Individual (MEI)
O MEI possui uma forma de contribuição simplificada e com valor fixo mensal, calculado com base em 5% do salário mínimo.
Esse valor é pago por meio do DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional), que já inclui impostos municipais ou estaduais, dependendo da atividade.
O MEI também tem direito à aposentadoria por idade, auxílio-doença, salário-maternidade e pensão por morte, mas caso queira contribuir com mais para aumentar o valor da aposentadoria, pode complementar com uma guia de 15% como contribuinte individual.
Segurado especial
O segurado especial exerce atividade rural em regime de economia familiar, como agricultores familiares, pescadores artesanais, extrativistas e indígenas. Ele não precisa contribuir mensalmente ao INSS para manter seu vínculo com a Previdência, basta comprovar o exercício da atividade rural com documentos como notas fiscais, contratos de venda, declarações de sindicatos, entre outros.
No entanto, quando há comercialização da produção rural, há contribuição por meio das seguintes alíquotas:
- 1,2% sobre a receita bruta da comercialização;
- 0,1% sobre a mesma base, destinada ao financiamento de benefícios por acidente de trabalho.
Esse recolhimento é feito pela empresa ou cooperativa adquirente, não pelo próprio segurado. E mesmo que não ocorra o repasse ao INSS, os direitos do segurado especial são mantidos.
Além disso, o segurado especial pode optar por contribuir facultativamente, com:alíquota de 20% sobre um valor entre o salário mínimo e o teto do INSS;
Essa opção permite acesso à aposentadoria por tempo de contribuição e pode resultar em um benefício de valor mais elevado.
Quem pode se aposentar com dois salários mínimos e como alcançar esse valor?
Mas finalmente, quanto devo pagar de INSS para receber 2 salários de aposentadoria?
Bom, a possibilidade de se aposentar com dois salários mínimos depende, basicamente, de dois fatores principais:
- O tipo de contribuição feita ao INSS (alíquota e base de cálculo);
- A média dos salários de contribuição ao longo da vida.
Empregado com carteira assinada
O trabalhador com carteira assinada contribui com alíquotas progressivas, que variam conforme o salário. Para que ele se aposente com um valor de dois salários mínimos é necessário que a média de seus salários de contribuição ao longo dos anos esteja em torno desse valor, ou mais.
Isso significa que é necessário trabalhar por bastante tempo recebendo salários iguais ou superiores a R$3.000,00, sem longos períodos de contribuição sobre valores muito baixos.
Contribuinte individual (autônomo ou prestador de serviços)
Para se aposentar com dois salários mínimos, o contribuinte individual precisa optar pelo plano normal, com contribuição de 20% sobre o valor que deseja compor sua média.
Lembrando que contribuições pelo plano simplificado (11%) limitam o benefício a um salário mínimo.
Por outro lado, quem presta serviço para empresas deve complementar os 11% recolhidos pelo empregador, contribuindo com mais 9%, para conseguir aumentar o valor do benefício.
Contribuinte facultativo
Assim como o contribuinte individual, o facultativo que deseja se aposentar com dois salários mínimos precisa optar pelo plano normal (20%), contribuindo mensalmente com 20% sobre valores iguais ou superiores a R$3.000,00.
As contribuições pelo plano simplificado (11%) e pelo plano de baixa renda (5%) garantem apenas o benefício no valor de 1 salário mínimo.
MEI (Microempreendedor Individual)
O MEI, ao contribuir com apenas 5% do salário mínimo, tem sua aposentadoria limitada ao valor de 1 salário mínimo. No entanto, ele pode complementar a contribuição com uma guia adicional como contribuinte individual, pagando mais 15% sobre um valor maior, totalizando os 20%.
Com essa complementação feita ao longo do tempo, é possível formar uma média salarial mais alta e, assim, alcançar uma aposentadoria superior ao piso, inclusive de dois salários mínimos.
Segurado especial
O segurado especial, ao contribuir apenas com base na comercialização da produção (1,3%) ou com nenhuma contribuição (apenas por comprovação de atividade), terá direito apenas ao benefício no valor de 1 salário mínimo.
Para se aposentar com um valor maior, ele deve optar pela contribuição facultativa de 20% sobre um valor superior ao salário mínimo. Só assim conseguirá construir uma média contributiva que o permita alcançar dois salários na aposentadoria.
Por que o planejamento previdenciário é essencial para se aposentar com dois salários ou mais?
A aposentadoria no valor de dois salários mínimos ou mais é resultado de todo um histórico contributivo, de forma regular e com valores adequados ao longo do tempo.
O planejamento previdenciário permite visualizar diversos cenários, corrigir erros e adotar estratégias que, na prática, transformam pequenas decisões mensais em um futuro mais tranquilo e financeiramente seguro.
Se ainda restou alguma dúvida sobre o tema, não deixe de entrar em contato com nossa equipe de especialistas!