Atualizado em 22 jan, 2025 -

Mandado de segurança contra o INSS: o que é, como funciona e requisitos

Martelo da justiça focado a frente e atrás uma advogada desfocada.

Se você já solicitou um benefício no INSS e enfrentou longos períodos de espera para obter uma resposta, saiba que você não está sozinho. Segundo dados recentes, mais de 1,8 milhões de pessoas aguardam a análise de seus pedidos pelo INSS, enquanto cerca de 1,05 milhões enfrentam atrasos no agendamento de perícias médicas​. Essa demora excessiva compromete a subsistência de quem depende desses benefícios e viola direitos garantidos pela lei.

Nesse cenário, o mandado de segurança surge como uma solução jurídica importante para lidar com a ineficiência do INSS. Essa ação judicial, considerada um remédio constitucional, é utilizada para garantir que a autarquia cumpra os prazos estabelecidos e forneça uma resposta — seja ela positiva ou negativa — dentro do prazo legal​.

Ao contrário do que muitos imaginam, o mandado de segurança não discute o mérito do benefício solicitado, mas obriga o INSS a concluir a análise administrativa ou a realizar o agendamento necessário. Essa ferramenta tem se mostrado essencial para segurados que, sem alternativas, buscam rapidez no cumprimento de seus direitos.

Aqui na Arraes & Centeno, contamos com uma equipe especializada em direito previdenciário, com ampla experiência no manejo de mandados de segurança. Nosso objetivo é assegurar que nossos clientes tenham seus direitos respeitados e que a demora do INSS não se torne um obstáculo à sua dignidade. Se você está enfrentando atrasos ou descumprimento de prazos pelo INSS, conheça como o mandado de segurança pode ser a solução ideal para o seu caso. 

Sumário

O que é mandado de segurança?

O Mandado de Segurança é um remédio constitucional, ou seja, uma ação judicial que protege direitos ameaçados ou violados por autoridades públicas. Regulamentado pela Lei 12.016/2009, ele é utilizado quando um cidadão ou segurado enfrenta abusos ou omissões no cumprimento de suas garantias legais.

Um ponto central dessa ação é o conceito de direito líquido e certo: trata-se de um direito que pode ser comprovado de forma imediata, sem necessidade de produzir novas provas.

No caso do INSS, exemplos incluem:

  • Agendamento de perícia muito distante;
  • Agendamento de perícia para outra cidade;
  • A demora excessiva para analisar um pedido de aposentadoria ou outro pedido;
  • O descumprimento de uma decisão judicial já transitada em julgado.

Importante destacar que o Mandado de Segurança:

  • Não avalia se você tem ou não direito ao benefício solicitado. Ele apenas força o INSS a tomar uma decisão, seja deferindo ou negando.
  • Tem preferência na análise, o que significa que o juiz avaliará o pedido e tomará uma decisão de forma rápida.

Quando bem fundamentado, o Mandado de Segurança pode ser uma solução mais rápida, já que dispensa a fase de produção de provas, focando apenas no que já está documentado. Por isso, é um recurso muito utilizado no direito previdenciário, especialmente para enfrentar atrasos ou omissões do INSS.

Essa ação pode ser protocolada na Justiça Federal, com a ajuda de um advogado especializado, que irá apresentar as provas e argumentar por você. É um instrumento essencial para garantir que os prazos e obrigações do INSS sejam respeitados, protegendo os direitos de quem busca benefícios previdenciários.

Quando usar o mandado de segurança contra o INSS?

O Mandado de Segurança é uma solução eficaz para enfrentar atrasos e omissões do INSS que prejudicam os segurados. 

Ele pode ser utilizado sempre que houver uma violação ao direito líquido e certo, ou seja, quando um direito claro e comprovável está sendo ignorado. Aqui estão as situações mais comuns em que essa ação é recomendada:

Atrasos na análise de benefícios

O INSS tem prazos definidos por lei para responder aos pedidos de benefícios, como aposentadoria, auxílio-doença e pensão por morte. 

Esses prazos variam entre 30 e 90 dias, dependendo do tipo de benefício, mas, muitas vezes, o órgão leva meses para dar uma resposta. 

Quando esse prazo é desrespeitado, o segurado pode recorrer ao mandado de segurança para garantir que o INSS conclua a análise.

Perícias médicas demoradas ou não agendadas

Quem solicita benefícios como auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez precisa passar por perícia médica. 

No entanto, em muitos casos, o INSS demora para marcar essas avaliações, prejudicando o segurado, que fica sem resposta ou renda durante esse período. Nesses casos, o mandado de segurança pode ser usado para obrigar o órgão a realizar a perícia no prazo legal.

Recursos administrativos pendentes

Após uma decisão negativa do INSS, o segurado pode recorrer administrativamente. Contudo, o Conselho de Recursos do órgão também tem prazos para julgar essas solicitações. 

Quando esses prazos são ultrapassados, e o recurso fica sem andamento ou resposta por mais de 180 dias, o mandado de segurança é uma ferramenta para exigir o prosseguimento ou uma decisão.

Aposentadorias pendentes

Um segurado que aguarda por uma resposta sobre sua aposentadoria pode recorrer ao Judiciário para que o INSS cumpra sua obrigação.

Auxílio-doença atrasado

Quando a análise de um pedido de auxílio-doença ultrapassa os 45 dias previstos em lei, o segurado pode recorrer para acelerar o processo.

O papel do Judiciário nesses casos é assegurar que os prazos estabelecidos por lei sejam cumpridos. O juiz não decide se o benefício será concedido ou não, sua função é garantir que o INSS analise o pedido ou realize as etapas necessárias. 

Necessidade de um advogado para o mandado de segurança

Idosa reunida com advogado.

Para impetrar um Mandado de Segurança, contar com o auxílio de um advogado é mais do que recomendado, é obrigatório. De acordo com o entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), apenas advogados habilitados podem representar o segurado nesse tipo de ação judicial. 

Isso ocorre porque o Mandado de Segurança exige o cumprimento de normas processuais específicas, que demandam conhecimento técnico e jurídico.

Mas o papel do advogado vai além da formalidade. Ele é fundamental para garantir que o pedido seja bem fundamentado e tenha maiores chances de sucesso. Um advogado especializado em Direito Previdenciário compreende os prazos, a documentação necessária e os argumentos mais eficazes para demonstrar a urgência e a legitimidade do direito violado. Por exemplo:

  • Ele sabe identificar se há um direito líquido e certo.
  • Pode apresentar provas de forma clara e objetiva, sem espaço para questionamentos.
  • Garante que os prazos sejam cumpridos, evitando que o processo enfrente atrasos desnecessários.

Além disso, ao contratar um advogado especializado, você tem a segurança de contar com um profissional que entende os desafios enfrentados pelos segurados do INSS. Um bom advogado analisa cada caso individualmente, oferecendo um atendimento personalizado e estratégias sob medida para resolver o problema com agilidade.

Quais os prazos para o INSS?

O Mandado de Segurança é uma ferramenta importante para garantir que o INSS cumpra os prazos estabelecidos por lei. Porém, tanto o INSS quanto o segurado têm prazos específicos a observar, e é essencial estar atento para evitar a perda de direitos.

De acordo com a legislação e o Tema 1066 do STF, o INSS tem prazos específicos para analisar os pedidos administrativos, que variam conforme o benefício solicitado:

  • Salário-maternidade: 30 dias;
  • Auxílio-doença e aposentadoria por incapacidade permanente: 45 dias;
  • Benefício de prestação continuada (BPC): 45 dias
  • Pensão por morte, auxílio-acidente e auxílio-reclusão: 60 dias;
  • Aposentadorias (exceto por incapacidade permanente): 90 dias;
  • Benefício assistencial ao idoso ou à pessoa com deficiência (LOAS): 90 dias.

Embora esses prazos sejam claros, na prática, o INSS muitas vezes não os cumpre, deixando segurados à espera por meses ou até anos. 

Caso o tempo razoável seja ultrapassado, o mandado de segurança pode ser utilizado para exigir que o órgão conclua a análise.

tabela de prazos

Qual o prazo para ajuizar um mandado de segurança?

Para impetrar um mandado de segurança, o segurado tem um prazo de 120 dias a partir do momento em que toma ciência do ato abusivo ou da omissão do INSS. Esse limite é definido pela Lei 12.016/2009 e deve ser rigorosamente observado. 

Caso o prazo expire, o segurado perde o direito de recorrer ao mandado de segurança e terá que buscar outras alternativas judiciais, como uma Ação de Obrigação de Fazer, que costuma ser mais demorada.

Perder o prazo de 120 dias pode atrasar ainda mais a resolução do problema. Por isso, é importante procurar ajuda de um advogado especializado assim que for identificado o descumprimento de prazos pelo INSS. 

Documentos necessários para o mandado de segurança

Para impetrar um Mandado de Segurança contra o INSS, é essencial reunir uma série de documentos que comprovem a situação e fundamentem o pedido. 

Ter a documentação correta é indispensável para garantir a análise adequada pelo Judiciário e evitar atrasos no processo. Confira os documentos principais que devem ser apresentados:

  1. Comprovante do requerimento administrativo: documento que demonstre o pedido feito ao INSS, como protocolos de atendimento, e-mails ou capturas de tela do sistema Meu INSS. 
  2. Comprovação da situação do benefício: é importante incluir provas de que o benefício está “em análise” ou que o INSS ultrapassou o prazo legal para responder. Pode ser um print da consulta pelo site do Meu INSS.
  3. Procuração judicial: um documento que autoriza o advogado a representar o segurado na ação judicial. 
  4. Documentos pessoais do segurado: incluem RG, CPF e comprovante de residência atualizado, que são indispensáveis para a identificação do requerente no processo.
  5. Outras provas relacionadas ao caso: dependendo da situação, podem ser exigidos documentos complementares, como laudos médicos, comprovantes de contribuições previdenciárias ou cópias de decisões judiciais anteriores, caso existam.

Além dos documentos básicos, é possível incluir uma declaração de hipossuficiência para solicitar o benefício da justiça gratuita. Essa declaração afirma que o segurado não possui condições financeiras para arcar com as custas do processo sem comprometer o sustento próprio ou da família.

Ter toda a documentação organizada e completa facilita o trabalho do advogado e agiliza o andamento do Mandado de Segurança. Certifique-se de que os comprovantes e declarações estejam atualizados para garantir a eficiência do processo.

Como funciona o processo do mandado de segurança?

O Mandado de Segurança segue um fluxo processual bem definido, que visa garantir rapidez e eficiência na proteção dos direitos do segurado. Veja como funciona cada etapa:

1. Petição Inicial

O processo começa com a elaboração da petição inicial pelo advogado do segurado. Nesse documento, o advogado expõe os fatos, apresenta as provas e argumenta juridicamente sobre a violação de um direito líquido e certo. 

A petição deve ser fundamentada com base na Lei 12.016/2009 e acompanhada de toda a documentação necessária, como comprovantes do pedido administrativo e situação do benefício.

2. Análise do Pedido de Liminar

Após a protocolização, o juiz analisa se há urgência no caso para decidir sobre a concessão de uma liminar. A liminar é uma medida provisória que pode determinar, por exemplo:

  • A realização imediata de uma perícia médica.
  • A análise do benefício pelo INSS dentro de um prazo específico.

Se a liminar for concedida, o INSS é intimado a cumprir a ordem imediatamente, sob pena de sofrer penalidades.

Caso o juiz entenda que não é o caso de conceder a liminar de imediato, ele pode determinar que a autoridade coatora apresente explicações, em um prazo de 10 dias, para justificar os motivos do descumprimento da lei. Essa autoridade é representada por um responsável por um setor ou outro funcionário incumbido de cumprir a obrigação legal que foi supostamente descumprida.

Frequentemente, dentro do referido prazo, o INSS resolve o problema apresentado no mandado de segurança. Entretanto, se o problema não for solucionado, e o juiz decidir que não é o caso de liminar, o processo segue para julgamento, conforme o item a seguir.

3. Decisão Final

O processo segue para o julgamento do mérito, onde o juiz analisa se houve de fato a violação alegada. 

Vale destacar que o mandado de segurança não discute o mérito do benefício solicitado (se o segurado tem ou não direito ao benefício), mas apenas se houve omissão ou descumprimento por parte do INSS. A decisão final pode confirmar, modificar ou revogar a liminar concedida anteriormente.

tabela

Consequências do descumprimento pelo INSS

Caso o INSS descumpra a decisão judicial, podem ser aplicadas penalidades, como:

  • Multa diária (astreintes): um valor fixado pelo juiz para cada dia de descumprimento, destinado a pressionar o órgão a cumprir a ordem.
  • Responsabilização do gestor: o responsável pela omissão pode responder por improbidade administrativa.
  • Execução forçada: o segurado pode solicitar a execução da decisão, o que pode incluir o bloqueio de valores do INSS para garantir o cumprimento.

Benefícios e limitações do mandado de segurança 

O mandado de segurança é uma ação eficaz para assegurar os direitos dos segurados, especialmente em situações de demora ou omissão do INSS. 

É uma ferramenta jurídica que se destaca pela agilidade em comparação com outras ações judiciais. Por dispensar a produção de provas adicionais, o processo é mais rápido, focando apenas na análise de documentos já apresentados. 

Isso o torna especialmente eficaz para enfrentar atrasos administrativos do INSS, permitindo que o segurado obtenha uma resposta em um curto período, muitas vezes em menos de 30 dias quando uma liminar é concedida.

Outro benefício importante é que ele não discute o mérito do pedido. Ou seja, o Mandado de Segurança não avalia se o segurado tem ou não direito ao benefício solicitado, mas assegura que o INSS cumpra os prazos legais e finalize a análise administrativa. Esse foco garante que o processo judicial se limite à regularização de omissões ou abusos de poder.

No entanto, essa característica também representa uma limitação. Por não entrar no mérito do benefício, o mandado de segurança não resolve disputas sobre o direito em si. Nessas situações, pode ser necessário recorrer a outras ações judiciais, como ações de concessão de benefício ou revisões.

Ainda assim, o mandado de segurança é uma solução eficaz para desbloquear a análise administrativa e assegurar o cumprimento dos direitos do segurado.

Garantindo seus direitos: a importância da ação

O mandado de segurança é uma ferramenta indispensável para proteger os direitos previdenciários diante de atrasos e omissões do INSS. 

Agir rapidamente é essencial, pois os prazos legais são rigorosos, como o limite de 120 dias para impetrar a ação a partir da ciência da violação. Perder esses prazos pode atrasar ainda mais a solução do problema, colocando em risco o acesso ao benefício.

Contar com a orientação de um advogado especializado é o caminho mais seguro para garantir o sucesso do mandado de segurança. Um profissional experiente conhece as especificidades do Direito Previdenciário e pode construir um pedido bem fundamentado, apresentando provas adequadas e acelerando a análise do caso.

Se você está enfrentando dificuldades com o INSS, como atrasos na análise de benefícios, perícias ou recursos administrativos, não espere mais. Busque orientação jurídica para proteger seus direitos. Entre em contato com nosso escritório e agende uma consulta com nossa equipe especializada.

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Priscila Arraes Reino
Advogada previdenciária e trabalhista especialista em doenças ocupacionais e Síndrome de Burnout. Formada em Direito pela Universidade Católica Dom Bosco (2000). Sócia fundadora do Arraes & Centeno Advogados Associados. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho e Pós-Graduada em Direito Previdenciário. Palestrante (OAB/MS 8596, OAB/SP 38.2499 e OAB/RJ 251.429).

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